quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ética - Fatos

Ética: acima (tem) de tudo

Antes de iniciar mais um artigo, gostaria de contar três historinhas acontecidas comigo.

Cena 1: estava com meu filho, na época com seis anos de idade, na praça de alimentação de um shopping. Resolvemos almoçar e, enquanto ficava na fila do restaurante, deixei-o sentado a uma mesa de quatro lugares reservando-a e esperando por mim. Vi que se aproximara um casal com uma criança de idade próxima à do meu filho. Procuraram uma mesa vazia por perto e não encontraram. Partiram em direção da mesa onde estava sentado o meu filho e, sem nenhuma cerimônia, sem nenhuma pergunta, lá se sentaram. Ele, inocentemente, olhou para mim com uma cara de "que faço?" e ameaçou sair da mesa. Assinalei para que ele lá permanecesse. Peguei a comida e me dirigi à mesa. Com jeitinho coloquei a minha bandeja junto às outras três.
- Com licença, desculpe-me, mas esta mesa já estava reservada. Meu filho estava sentado aqui esperando por mim enquanto eu estava na fila.
Querendo parecer inocente, a senhora olha para o meu filho, olha para mim e exclama com um ar de total espanto:
- Nossa, nem reparei que seu filho estava sentado aqui!

Cena 2: estava eu dentro do meu carro parado em uma vaga do estacionamento de uma grande universidade preparando-me para sair. Chega o proprietário do carro que estava ao lado, um estudante de Direito. Ele abre a porta de seu carro e, apesar de uma distância muito grande do meu ele consegue abalroar a minha porta violentamente com a sua fazendo uma imensa morsa na lataria. Fingindo que nada ocorrera ele liga o carro e se prepara para sair quando, para a sua surpresa, eu saio do carro. Pensara ele que não havia ninguém ali.
- Boa noite, você acabou de amassar a porta de meu carro com a sua porta.
- É? - pergunta ele saindo do carro - isto aqui? É muito pouco, o senhor tem certeza de que a minha porta bateu no seu carro?
- Absoluta, aconteceu há cerca de trinta segundos, tenho boa memória.
- Me parece muito pouco. Ainda acho que a minha porta não bateu na sua.
Pedi para que ele abrisse a porta de seu carro e mostrei, encostando levemente na minha, o ponto de batida deixando claro que o seu friso plástico pontiagudo (uma verdadeira falha no projeto de alguns veículos nacionais) havia feito aquela morsa.
- É, acredito que fui eu mesmo, mas o que o senhor quer que eu faça?
- Somente que me pague o prejuízo, não gostaria que meu carro que retirei zero quilômetro há um mês ficasse com esta morsa. Existem empresas especializadas em retirar este tipo de morsa sem necessidade de repintura e com um baixo custo.
Após escutar isto, o estudante se encaminha ao outro lado de seu veículo e pede que eu me aproxime.
- Você está vendo esta batida aqui na minha porta? Alguém bateu nela aqui neste mesmo estacionamento. E ninguém pagou o meu prejuízo. Porque então eu deveria pagar o seu prejuízo?

Cena 3: estava procurando uma casa para alugar e liguei para uma administradora de imóveis.
- Bom dia, gostaria de saber informações sobre uma casa que está anunciada no jornal.
A senhorita me dá informações sobre a casa, o local e os valores.
- OK, gostei. Interessei-me bastante. O que é necessário para fecharmos negócio?
- Será necessário um fiador que seja proprietário de um imóvel e que tenha uma renda de cinco vezes o valor do aluguel. Além disto, o senhor deverá pagar uma taxa de R$60,00 para as custas da pesquisa de idoneidade sua e mais R$100,00 para as custas de confecção de contrato.
- Mas estes valores serão ressarcidos depois a mim?
- Não senhor, isso é um custo seu que o senhor deverá pagar aqui diretamente e somente aceitamos em dinheiro.
- Espere um momento. Você está exigindo um fiador que tenha um imóvel como garantia e mais uma renda mínima. Isto é dupla fiança. Além disso, está me cobrando taxas no ato da contratação. Todas estas coisas não são permitidas pela lei 8245, a "lei do inquilinato".
- Sabemos disto perfeitamente, mas esta é a regra da empresa, é assim que procedem a maioria das administradoras de imóveis. Se o senhor não concordar, infelizmente não poderemos fazer negócio. Lamento muito, bom dia! - e bateu o telefone.

http://www.albertoalvaraes.adm.br/artigos/artigo010.htm

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